Carabanchel, um bairro com muita arte

O polígono industrial ISO serviu como polo de atração de artistas jovens, que exibem a sua criatividade nos seus numerosos espaços e ateliês. Há quem diga que Carabanchel é o Soho madrileno. O antigo distrito operário da periferia madrilena converteu-se no centro de um grande movimento criativo e boémio, que conta já com mais de 130 artistas espalhados pelos seus 40 estúdios, ateliês de artesanato e espaços criativos.

O que até há apenas alguns anos era uma zona industrial onde conviviam tipografias, cooperativas, manufaturas têxteis e fábricas de “isocarros”, converteu-se num fervilhante centro artístico para os jovens criadores que procuravam um espaço na periferia da cidade para desenvolverem a sua obra.

Aqui podemos encontrar jovens artistas dedicados à ilustração, ao artesanato, à escultura e à fotografia, à música, á videoarte e à obra gráfica, e também alguns artistas já consolidados, alguns dos quais representados na feira ARCO Madrid, como José Luis Serzo, Miki Leal, Patricia Mateo e Laura Lío, que se uniram à explosão artística desta zona do distrito de Carabanchel.

Todos trabalham no bairro de San Isidro, mais concretamente nas imediações do número 25 da rua Pedro Díez, onde se encontra um edifício de tijolo agora dedicado à arte e à criatividade, onde antes se fabricavam os componentes do mítico “isocarro”, uma pequena furgoneta de três rodas que já passou à história.

Transpondo a entrada deste velho edifício, o visitante apercebe-se imediatamente da grande agitação artística concentrada neste espaço, situado no distrito mais populoso de Madrid (com 270 000 habitantes).

Como um dos ícones característicos do bairro, destaca-se o colorido edifício Carabanchel 17, obra dos arquitetos ACM, vencedores do concurso convocado pela Câmara Municipal antes de 2009. As casas lembram contentores de carga empilhados num porto.

Vitalidade e inovação

Este é um exemplo de vitalidade e inovação num distrito popular do sul de Madrid que, além da sua famosa e já desaparecida prisão, nos últimos se tornou mais popular graças a Manolito Gafotas, o célebre personagem literário criado por Elvira Lindo, cujas aventuras já foram adaptadas ao cinema.

Carabanchel conquistou assim um lugar na cultura madrilena, graças à iniciativa espontânea destes artistas, que dão o melhor da sua capacidade criativa e geraram um “efeito de chamada” entre os seus colegas.

O segundo piso da Nave Oporto, no bairro de San Isidro, é o local de trabalho dos artistas Irma Álvarez-Laviada, Belén, Fod, Santiago Giralda, Miki Leal, Sonia Navarro, Toni Ramón, Manuel Saro e Miguel Ángel Tornero, que compartilham as suas inquietações artísticas desde 2013. O primeiro piso é ocupado pelo Mala Fama Estudios onde desenvolve a sua atividade um coletivo de artistas, entre os quais se destaca o nome de Carlos Aires. 

Existe também o espaço Arte&Desmayo para diversas dinâmicas artísticas: sala de ensaios, sala de casting, sala de exposições privadas, sala de exposições, sala de concertos de pequeno formato, cursos, apresentações, encontros, etc....

Junto ao metro de Oporto

Atraídos pela atividade artística que emana do edifício da rua Pedro Díez, outros criadores, além de várias galerias e academias de pintura, foram-se instalando nas imediações, somando atualmente mais de 20 estúdios dispersos pelos edifícios da zona. Todos se encontram muito perto da estação de metro de Oporto, como os do número 38 da rua Nicolás Morales, do número 36 da rua Matilde Hernández e do número 21 da rua Pedro Díez.

É tal a pujança destes jovens artistas que a eles se foram juntando também pequenos restaurantes, centros sociais, salas de exposições, estúdios de gravação musical, que foram estendendo a sua influência até junto da estação de metro de Urgel, junto às ruas Eugenia de Montijo e Nuestra Señora de Fátima.

É o caso da La Fábrica D Arte, uma academia de pintura mural situada nas instalações de uma antiga fábrica têxtil, no número 4 da Calle de la Codorniz no bairro Vista Alegre, da Galeria Benveniste Contemporary no bairro de San Isidro, e da academia Arte Hélade (Nuestra Señora de Fátima, 91).

Carabanchel conta também com numerosas salas de ensaio para grupos de pop e de rock, com alguns locais muito conhecidos da noite madrilena e várias cafetarias e restaurantes perfeitamente integrados nesta comunidade de artistas. A cervejaria La Fábrica de Patanel e o Matilda Bar Butacada são apenas dois exemplos.

Um dos recém chegados ao bairro é Hyper House, um novo espaço criativo dedicado à cena emergente da arte digital em Madrid. Um lugar de encontro e de debate aberto à colaboração, sobre práticas artísticas expandidas e experimentais.

Programa anual “Art/Banchel”

São tantos os artistas concentrados no bairro que em 2017 puseram em marcha a iniciativa anual “Art/Banchel”, um jogo de palavras que evoca a prestigiosa feira Art Basel de Basileia, com jornadas de portas abertas para que os habitantes da zona possam conhecer o seu trabalho. O evento tem lugar durante o mês de maio e inclui propostas muito variadas, como exposições, conferências, apresentações, espetáculos de dança, performances, obras de teatro, rádio, etc. Há quem diga que é como se a rua Doctor Fourquet de Madrid se tivesse trasladado a Carabanchel.

La Chulapa de Carabanchel

Na torre da antigo depósito das águas do bairro Tercio y Terol, na rua Amalrico, há um mural dedicado à figura de La Chulapa, obra do artista cubano radicado em Nova York, Jorge Rodríguez-Gerada. Impressionante mural em grande escala que mostra, emergindo de suas fundações, o rosto de uma Chulapa com um cravo vermelho e a cabeça envolta em um lenço branco. Uma obra que foi pintada durante as festividades de San Isidro e que se tornou um símbolo do bairro que reivindica o castizo.

Ateliês e coletivos

Estes são os ateliês e coletivos que assentaram arraiais no bairro. Até ao momento, porque, sem dúvida, virão muitos mais:

• Ey!Studio (Belmonte del Tajo, 19, 2 2)
• 35.000 Jóvenes (Matilde Hernández, 36, 3 esq.)
• An Wei (Calle Urgel, 33)
• Arteaga Usted (Mercedes Arteaga, 50)
• Artendencia House Studio (San Dámaso, 14, r/c)
• Casa Banchel (Santiago Estévez, 26)
• Casa Bola (Época, 3-bis)
• El Grifo (Vista Alegre, 20, 2 A)
• Espacio Vista (Vista Alegre, 20, 3 A)
• Estudio 4.7 (Nicolás Morales 38-40, 4 7)
• Estudio 10 (Nicolás Morales, 38-40, 1 10)
• Estudio Lisboa (Pedro Díez, 21, 3)
• Faro 12 Estudio (Pedro Díez, 21, 3 A, local 12)
• Fuentesal & Arenillas / Paloma de Alba (Matilde Hernández, 36, 3 dir.)
• Hyper House (Ramón Sainz, 22)
• In June We Trust (Amistad, 24, r/c)
• Estudio José Luis Serzo (Pedro Díez, 21-bis, 3 D)
• Juana González (José Garrido, 3, r/c)
• La Latente (Pedro Díez, 21-bis, 1 7)
• LabBrut Colectivo de Artistas (Capitán de Oro, 1)
• Mala Fama (Pedro Díez, 25, 1 dir.)
• Nave 6 (Nicolás Morales, 38-40, 3 6)
• Nave Oporto (Pedro Díez, 25, 2 dir.)
• NavEstudio Laura Lio (Tordo, 21, local esquerdo)
• Paloma Gámez (Nicolás Morales, 38-40, 4 8, loft 4)
• photoAlquimia (Pedro Díez, 21-bis, 3)
• Puerta Cuatro (Nicolás Morales, 38-40, 4 4)
• Totoki Guaraní (Pedro Díez, 21-bis, 1 2)
• U Studio (Virgen de Belén, 6, r/c)
• Veta Galeria (Antoñita Jiménez, 39)
• Sabrina Amrani Gallery (Madera, 23)