Francesc Tosquelles. Como uma máquina de costura num campo de trigo

Uma mostra que aborda a trajetória biográfica e o contexto político, cultural e profissional do psiquiatra Francesc Tosquelles, patente ao público no Piso 3 do Edifício Sabatini do Museu Reina Sofía, de 28 de setembro a 27 de março.

A mostra é comissariada por Carles Guerra e Joana Masó e reúne documentos, fotografias e gravações que dão a conhecer ao público a sua atividade ao longo da sua carreira como psiquiatra. Nascido em Reus, Tarragona, em 1912, Francesc Tosquelles foi um dos inventores da psicoterapia institucional, um movimento que teve uma grande influência na pedagogia e na psiquiatria da segunda metade do século XX. Marxista e republicano, foi condenado à morte após o final da Guerra Civil, o que o levou a exilar-se em França.

Trabalhou no Hospital Psiquiátrico de Saint-Alban-sur-Limagnole, em França, onde utilizou a escrita, a arte e o teatro como instrumentos de terapia. O seu conceito de psiquiatria concebia esta ciência como uma conjunção de realidades aparentemente desconectadas, vinculadas à terra, ao coletivismo, à imaginação e à natureza. Francesc Tosquelles faleceu em Granges-sur-Lot, em França, em 1994.

A exposição inclui também obras criadas por artistas e doentes mentais do hospital de Saint-Alban, procedentes da Collection de l’Art Brut de Lausana, Suíça, assim como de várias coleções particulares, a partir das quais Jean Dubuffet e outros artistas desenvolveram uma arte livre das constrições do racionalismo e da educação formal.

O título da exposição tem a sua origem numa frase do conde de Lautréamont, que inspirou os surrealistas na sua defesa do acaso da beleza: “belo como o encontro fortuito de uma máquina de coser com um guarda-chuva numa mesa de dissecção”.

Créditos da imagem:

Francesc Tosquelles no jardim do Hospital Psiquiátrico de Saint-Alban-sur-Limagnole, c. 1944-1945. Fotografia: Romain Vigouroux, coleção da famiilia Ou-Rabah Tosquelles. Reprodução fotográfica: © Roberto Ruiz